Eu sempre ficava paquerando aquela fita na seção de documentários, enquanto meu pai levava horas para escolher um filme na Vídeo Show do Jardim Social. Até um dia encarar e alugar o VHS do conjunto de nome curioso: Suicidal Tendencies. E levar pra casa o “Lights, Camera… Revolution” foi certamente uma das melhores coisas que fiz na vida.
Mais de 20 anos depois, assisti meu quinto e melhor show deles em São Paulo. É impressionante como a música preserva sentimentos. No último sábado, eu me vi tão abismado quanto aquele piazão ficou após rebobinar num videocassete Sharp a história de um grupo adotado pelos skatistas e assombrado por TRETAS DE GANGUES.
Tudo isso pode parecer saudosismo. Faz duas semanas escrevi aqui sobre o Defalla e como foi legal reencontrar com quem eu era quando curtia a banda, lá no início dos 90. Não é. A vida está melhor do que nunca. É mais uma transa de auto-celebração e disposição para marcar passagens importantes.
Voltando ao tema, há ainda outra característica da música, esta que nenhum gênero detém tanto quanto o, digamos, ROCK PESADO: o efeito terapêutico. Teve ainda Ratos de Porão e as quase quatro horas de riffs NERVOSOS, percussão VIOLENTA e discursos de desesperança e inconformismo deixaram todo mundo se sentindo maravilhosamente bem.
Do moleque neófito ao MELHOR BIÓGRAFO DA BANDA EM LÍNGUA PORTUGUESA, foi consagrador notar que o ST está em fase esplendorosa. A entrada do ex-Slayer Dave “The Godfather of Double Bass” Lombardo foi uma BENÇA, o novo guita-base Jeff Pogan reencarnou Mike “The Riff Machine” Clark nos anos 90, RA Diaz é um baixista carismático, Dean Pleasant é o cara que segura a onda e, acredite, Mike Muir está tremendamente revigorado.