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Dos ex-integrantes do Suicidal, R.J. Herrera foi o mais complicado de encontrar até agora. E “complicado” é mesmo a melhor definição, afinal, eu sabia onde o ex-baterista estava, mas não conseguia alcanlçá-lo.
Tudo começou quando encontrei a fera no Myspace, na posição de titular das baquetas do Horny Toad, banda do também ex-Cyco Louichi Mayorga. Fiz o tradicional contato pela rede e, depois de alguns dias, recebi o email de Herrera.
Porém, veio a decepção. O endereço estava errado e nada de comunicação. Deixei de lado até que resolvi recorrer ao Mayorga diretamente, e através dele soube que o saudoso batera tinha se mandado para Ohio, para um tratamento médico da esposa dele.
Mais uma vez, vi diminuída a esperança de encontrá-lo. Até que, há pouco mais de um mês, investi novamente pelo Myspace. Mensagem vem, mensagem vai, pintou o telefone celular do Herrera na tela.
Ligo? Não ligo? Liguei, basicamente, para descolar um email correto. No fim, acabei batendo um excelente papo com o baterista da fase áurea do ST. Dez minutos de conversa (a conta ainda não chegou!), naquele inglês danado (porém astuto), sobre os dias de hoje e o passado na banda.
Não preciso nem dizer que foi algo surreal para mim: ter do outro lado da linha, num esquema full-contact, um cara que eu sempre admirei apenas por música, clipes e capas de disco.
Senti que lá da América do Norte, Ralph também curtiu. Há quase 20 anos longe do grupo, pareceu bacana para ele ter novamente o reconhecimento da importância que teve para o Suicidal. Ainda mais no caso de um batera, sempre escondido atrás do instrumento.
Aprumada a entrevista, enviadas as perguntas, ele não demorou a responder. Foi bem sucinto, coisa de quem, aparentemente, não é muito habituado à essas paradas de internet, Facebook, Myspace etc.
Apesar disso, nos deu o suficiente para sabermos por onde anda e, principalmente, que tudo está bem. Valeu mesmo, Chicano-Surf-Skate Style!
Onde você nasceu?
Eu nasci em Santa Mônica (EUA). Estou com 46 anos e me mudei temporariamente para Ohio, até setembro deste ano.
Como começou a tocar bateria?
Comecei a tocar no 4th grade. Eu sempre me liguei no ritmo e na bateria quando ouvia música quando moleque. As primeiras influências foram, provavelmente, os Beatles, e tudo que ouvia no rádio. Também fui influenciado pelos bateristas Buddy Rich e Carl Palmer (Emerson, Lake e Palmer).
Ao lado de Rocky George, cheio de estilo.
Alguma conexão entre o Suicidal e as gangues de Los Angeles?
Nenhuma conexão. Apenas um monte de fãs e seguidores que se vestiam com Pendletons e bandanas.
Qual o seu melhor momento no grupo?
Foram alguns bons momentos. Enquanto fazíamos shows na Flórida com o Janes Adiction descobrimos que o “Lights, Camera… Revolution” fora indicado ao Grammy. Também tocar em LA no Verizon Amphitheatre após termos sido banidos por um bom tempo.
Com o ST nos bons tempos de "Lights, Camera... Revolution".
Qual a sua música favorita do Suicidal?
Não tenho uma única música favorita. Algumas boas partes de bateria: “Trip at the Brain” e “Lost Again”.
Você introduziu o uso do pedal duplo na banda. Isso contribui para encaminhar o Suicidal para o metal?
Sim, eu passei a usar o pedal duplo. Quando viemos com músicas novas isso simplesmente aconteceu. Eu nunca pensei em escrever coisas “metal” ou “punky”. A música é o que é… Suicidal, eu acho.
Pedaleira dupla logo que entrou para o ST, com Louichi Mayorga.
Por que você deixou o grupo?
Eu fui colocado em uma situação onde ficou desconfortável eu continuar trabalhando com o Muir. Além disso, minha mulher estava grávida do nosso primeiro filho. Muir estava em seu “modo ditador” e eu não iria lidar com isso.
O que você fez depois de deixar o grupo?
Depois de deixar o ST eu fiz alguns discos com o Uncle Slam (que contou também com Amery Smith, Louichi Mayorga, Bob Heathcote e Jon Nelson, todos ex-Suicidal), Beowulf e um projeto paralelo com o Mike Clark chamado Bastion.
Primeiro à esquerda, com o Horny Toad de Mayorga.
Tem visto algum dos ex-companheiros de banda?
Apenas vi o Robert (Trujillo) com o Metallica em outubro, falei com o Clark rapidamente próximo do ano novo, Rocky há algum tempo e toquei com o Louichi no Horny Toad quando voltei para casa.
E o Muir?
Não falei com ele nesses quase 20 anos…
Toparia uma turnê reunindo a formação do período de auge da banda?
Uma reunião com os caras nunca aconteceria por algumas razões. Uma vez que Muir tomou as decisões sobre a “sua” banda, ele nunca volta atrás. Rob está muito ocupado com o Metallica. Eu não sei se todo mundo concordaria com isso se essas reazões fossem possíveis.
Com a filha Devon, Rob Trujillo e o filho Jackson (de xadrez).
O que você tem feito ultimamente?
Atualmente tenho tentado cuidar da minha esposa enquanto ela está doente e ser um bom pai para meu filho Jackson (18 anos) e minha filha Devon (13). Eu tenho escrito alguma coisa e espero gravar logo que possível.